INEP Instituto do Cérebro e Clínica da Memória

Clínica médica especializada em Neurologia, Neurofisiologia, Psicologia, Psiquiatria e Clínica da Memória fundada e estabelecida em São José dos Campos desde 1985. Mario Silva Jorge Fundador

Alcoolismo e Sistema Nervoso

Alcoolismo e Sistema Nervoso

Os problemas neurológicos associados ao Etanol incluem a intoxicação aguda, a abstinência e outros distúrbios neurológicos específicos.

Estima-se que 7% de todos os adultos e 19% dos adolescentes já tiveram problema com a bebida. Mortes relacionadas ao Etanol excedem mais de cem mil por ano. O Etanol afeta muitos neurotransmissores do Sistema Nervosos Central, mas sua ação mais importante farmacológica é inibir a transmissão excitatória glumatérgica e facilitar a transmissão inibitória gabaérgica. Esses efeitos provavelmente contribuem para as características clínicas da intoxicação, da síndrome da retirada e da toxidade pelo uso prolongado. Mais ou menos mil morte por ano são ocasionadas por intoxicação ao uso de Etanol com outras drogas normalmente sedativos.

O etanol é um depressor do sistema nervoso central e os sintomas precoces da intoxicação aguda frequentemente refletem uma desinibição cerebral, antes do que estimulação. Muitos fatores influenciam a severidade da intoxicação, incluindo a tolerância individual, de modo que a concentração do Etanol no sangue é que determina o comportamento do individuo. Sabemos que doses entre 50 – 150mg por decilitros induzem euforia, desinibição, piora do julgamento e concentração. Quando as doses ultrapassam 150 a 250 mg, o individuo tem ataxia de marcha, diplopia, náusea, fala embaraçada, taquicardia, sonolência e instabiliadade de humor. Com doses de 300 mg pode haver um pré-coma e distúrbios respiratórios com vômito, chegando a entrar em coma quando as doses chegam a 400 mg por decilitro, e morte por depressão respiratória quando os níveis de Etanol no sangue chegam a atingir 500 mg por decilitro. Intoxicação patológica refere-se a uma rápida excitação com comportamento irracional ou violento algumas vezes com delusões e alucinação após o uso de pequenas doses de Etanol, podendo durar de minutos a horas e o individuo depois esquece o que aconteceu. O blackout alcoólico refre-se a uma amnésia no período de intoxicação, durante o qual o sujeito aparentava consciência do que estava acontecendo. Um indivíduo com concentração de Etanol sanguínea de 400 mg pode levar até 20 horas para retornar a zero. No caso de intoxicação próxima a 500 mg, é necessário tratamento em ambiente ou hemodiálise. A ressaca, com cefaleia, náusea, tontura, tremores, sudorese, pode ocorrer em qualquer pessoa após uma breve mas excessiva exposição ao Etanol.

A síndrome da retirada do Etanol significa uma dependência física e é classificada em precoce e tardia. A síndrome da retirada ocorre usualmente dentro de poucos dias do último drinque e consiste em tremor, alucinações e ataques convulsivos, sozinhos ou em combinação. O tremor é o mais comum sintoma da retirada, tende a aparecer pela manhã, após dias de parar de beber e é prontamente aliviado pelo Etanol, com a continuidade da abstinência o tremor torna-se mais intenso e geralmente é acompanhado por insônia, agitação, sudorese excessiva, náusea, taquipnéia e taquicardia. O quadro mental é usualmente intacto, a tremedeira pode persistir por semanas ou mais. Alucinose alcoólica refere-se a ilusões usualmente visuais, mas algumas vezes auditivas ou táteis. O indivíduo vê imagens de insetos, animais, pessoas que são usualmente fragmentadas durante minutos ou segundos por vários dias. Muito raramente repetidos surtos de alucinose evoluem para um estado crônico com delusões relebrando a esquizofrenia. O Etanol pode desencadear convulsões em qual usam álcool de maneira frequente podendo ser a causa dessas convulsões.

Essas crises tipicamente ocorrem no inicio da retirada, mas algumas vezes são vistas no período ativo de beber ou após dias ou mesmo semanas da abstinência. As crises são usualmente do tipo grande mal, ocorrem em breves surtos e para o diagnóstico, requerem um eletroencefalograma normal, exames de neuroimagem como tomografia computadorizada ou ressonância magnética. O delírio tremens usualmente começa 48 à 72 horas após o último drinque, frequentemente em pacientes que ás vezes foram hospitalizados por outras razões. Essas crises podem seguir-se por sintomas de retirada precoce ou em outro momento. O tremor é acompanhado  por delírio inatenção, geralmente agitação e instabilidade autonômica, febre, taquicardia, sudorese profusa e alterações da pressão sanguínea e alucinações.

A mortalidade é alta tanto quanto 15% e a morte usualmente resulta de outras doenças, tais como a pneumonia aspirativa, mas pode ser consequente ao distúrbio autonômico. O tratamento da síndrome da retirada do Etanol inclui a prevenção e a redução desses sintomas precoces e a prevenção do delírio. Os benzodiazepínicos são utilizados e em doses progressivamente aumentadas. Depois de alguns dias essas doses podem ser estabilizadas e retiradas gradualmente. Neurolépcos não saõ indicados porque abaixam o limiar convulsivo, e não ser que elas recorram ou papel causa do Etanol não seja bem esclarecido. Em particular, a fenitoína não é uma droga adequada para esse tratamento. O delírio tremens é uma situação emergente ameaçadora à vida, que necessita de internação e tratamento – por vezes numa Unidade de Tratamento Intensivo.

O delírio tremens é uma situação emergente ameaçadora à vida, que necessita de internação e tratamento.

 

Dr. Mário Jorge

Neurologista

CRM 27.123

Membro Efetivo da Academia Brasileira de Neurologia

Membro Titular da Sociedade Brasileira de Neurofisiologia Clínica

Member of International Headache Society

Membro da Sociedade Brasileira de Cefaléia

 

RERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

ARTIGO retirado Revista Saúde Ativa

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